quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Tribo Karyabi




Cada indivíduo Kaiabi possui vários nomes, que formam um repertório pessoal variado. Ao longo da vida, os nomes são trocados à medida que este acede a novas categorias sociais ou passa por experiências pessoais marcantes. O nascimento do primeiro filho é um momento em que os pais sempre recebem novos nomes. Esses nomes podem ser de antepassados, de seres sobrenaturais ou estarem relacionados a algum evento específico protagonizado pelo indivíduo. Os homens mais velhos da aldeia, o chefe ou o pajé, são em geral os responsáveis pela transmissão dos nomes. No passado, o principal momento que determinava a mudança de nome era a participação em expedições guerreiras e, mais especificamente, a morte de um inimigo.No passado, todos os Kaiabi exibiam tatuagens faciais que obedeciam alguns padrões básicos, diferentes para homens e mulheres. Essas tatuagens eram feitas primeiramente no início da puberdade. Assim como os nomes, as tatuagens serviam ao mesmo tempo como mecanismo de identificação pessoal e grupal. Também como no caso dos nomes, a morte de um inimigo era um evento marcado pela execução de novas tatuagens.

Missamóvel , 2004. Nelson Leirner mistura arte conceitual com cultura popular


Personagens nordestinos     em argila simbolizam a crendice popular, como os romeiros e penitentes que ficam amontoados nos caminhões para pagar promessa ao Padre Cícero e outros santos padroeiros, sobre um skate  enquadrado em diagonal de um piso liso.


Flor do Mangue – Franz Kracjberg


Escultura de grande porte - mede 12 X 8 metros e 5 metros de altura. Foi construída a partir de resíduos de árvores de manguezais destruídos pela especulação imobiliária.

Os profetas e Os Doze Passos da Paixão - Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas do Campo, em Minas Gerais, Antonio Francisco Lisboa, Aleijadinho.



Entre os anos de 1800 e 1805, sexagenário e bastante enfermo, o artista mineiro Aleijadinho (1730-1814), realiza o conjunto de esculturas monumentais que marcaria definitivamente sua obra. Seu último projeto de vulto, os 12 profetas em pedra-sabão de tamanho quase natural, feitos para o adro dianteiro do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas do Campo, em Minas Gerais, são um dos exemplos mais contundentes do desenvolvimento do barroco no Brasil, e talvez a sua última grande manifestação. O conjunto de 12 profetas de Congonhas do Campo configura-se como uma das séries mais completas, da arte cristã ocidental, representando profetas. Estão presentes os quatro principais profetas do Antigo Testamento - Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, em posição de destaque na ala central da escadaria - e oito profetas menores, escolhidos por um clérigo segundo a importância estabelecida na ordem do cânon bíblico. Nos três planos do átrio, esculturas ordenam seus gestos simetricamente em relação ao eixo principal da composição. Abrindo a representação, estão Jeremias e Isaías de frente e atrás deles, no primeiro patamar, Baruc e Ezequiel. No terraço do adro encontram-se Daniel e Oséias, de perfil. Mais além, Jonas e Joel dão-se as costas e, finalmente, nos ângulos curvilíneos do pátio, Abdias e Habacuc erguem um dos braços, e nas extremidades do arco Amós e Naum apresentam-se de frente. Organizado segundo um jogo de correspondências, os profetas formam um conjunto unitário e ao mesmo tempo diversificado em suas partes, em perfeita organização cenográfica. Apesar da força expressiva de cada peça, é na comunicação estabelecida pela visão do grupo que a eloqüência de cada gesto atinge sua plenitude, como num ato de balé. Analisadas individualmente, as figuras dos Profetas em Congonhas do Campo apresentam deformações anatômicas ou acabamentos desiguais que indicam a colaboração do ateliê de Aleijadinho. No entanto, a força do conjunto e seu poder de integração superam as avaliações individuais das obras.

Parede de Memória, 1994. Rosana Paulino. Serigrafia em almofadas, 8 x 8 x 3 cm. Acervo Particular.



Rosana Paulino levanta questões raciais, culturais, políticas, assim como memórias pessoais. Seus trabalhos expandiram-se de desenhos e gravuras para grandes instalações que proporcionam ao leitor uma visão do universo feminino, que em muitas vezes, é também, negro. A obra trata-se de 850 fotografias1 pertencentes ao álbum familiar da artista. Estas fotografias estampadas em pequenas almofadas, trazendo pontos de crochê que as arrematam, foram dispostas lado a lado, em cima e em baixo, transformando a obra em um grande mural, intitulado pela a artista como Parede de Memórias. As imagens serigrafadas são opacas, falhas, desbotadas, a sua quantidade exacerbada sugere os anos de desgaste da família Paulino, a submissão aos postos de trabalho manual, subjugados as negras livres desde os tempos da colônia.

Valentina – Vik Muniz


Valentina é um retrato de 33x27 cm, feito por Vik Muniz, um pintor, escultor e fotógrafo paulistano que foi apelidado de o ilusionista, pelo fato de suas imagens terem muitos segredos. É a fotografia de um desenho feito por Vik, com açúcar sobre papel preto. Essa foto é a preferida de Muniz, onde é retratada em uma série chamada “crianças de açúcar” de 1996. É considerada uma das mais rápidas obras, feita em 1998. A obra se situa na Galeria Camargo Vilaça, em São Paulo.

Metamorfose Cultural, 1997 – Nelson Screnci

Esta obra de Nelson Screnci faz uma releitura comparativa das obras: O Caipira Picando Fumo, de Almeida Júnior e A Negra, de Tarsila do Amaral. Interroga a cisão entre o "moderno" e o "acadêmico". As duas telas possuem uma força e uma presença visual, "icônica", que parte de um "tipo" social – a negra, o caipira – para, construindo-os com os meios da pintura, impô-los como imagens. O caipira e a negra misturam-se com elementos populares. Existe uma grande afinidade nos princípios de organização das duas telas. O caipira, com os ângulos dos cotovelos, dos joelhos, bem afirmados, encontra-se instalado, de modo seguro e preciso, diante de um fundo revelando claras relações ortogonais: verticais da porta e, sobretudo, horizontais dos batentes, dos bambus que se mostram na parede de barrote, dos degraus em pau tosco que lhe servem para sentar. Em "A Negra", Tarsila dispõe seu personagem numa postura bastante próxima à do caipira: ângulos dos cotovelos, evidência dos pés, inclinação da cabeça. Como Almeida Júnior, dispõe sua figura diante de um fundo geométrico, feito de barras horizontais paralelas, num efeito não muito distante dos degraus do caipira. Assim, a arquitetura de cada quadro projeta, de modo ao mesmo tempo formal e cheio de sentidos, o personagem. Mais ainda, esses modos possuem um parentesco muito claro entre eles.